“Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além
Para atingir, faltou-me um golpe de asa ...
Se ao menos eu permanecesse aquém ...”
MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO
”
Dormida ainda, acordo num abraço.
Tudo, tudo ele abarca, o abraço mais abraço que alguma vez vivi. Pássaros meigos corroboram este passageiro estado que quisera eterno, correm imagens dos dias de antes, nem sempre me vejo já tão certa aqui ou pura ali, abraço-me, abraço-me porém, tudo cabe dentro do mesmo amor e só isso importa.
Dormida ainda, mas já a acordar. Para um sono outro, o da realidade. Do despertador e das coisas inadiáveis, da representação, papéis, do põe-máscara-tira-máscara, ora agora ganho eu ora agora ganhas tu (?!), enganosas notícias que querem dizer outra coisa distinta do que dizem, futuro incerto, fim do euro, desastres, miséria, presságio de calamidades a poluir os éteres como veneno - pó fino exposto à nortada…
Desperta já, agarro quanto posso a memória escorregadia desse abraço de amor total, todo envolvente, por via dele a manhã tornou-se de um azul anilado, iridiscente, a palavra tem novos poderes, sou o doce gigante dentro de mim a soltar os passáros da dor de sombrias gaiolas,
evaporam-se as tramas de superfície, nada ficará como parecia ser…
Desperta já, a um passo de mim mesma, coisa minima, suavíssimo golpe de asa, quase, quase…
Delícia acordar com esta leitura...
ResponderEliminarUm beijo agradecido Mariana.
Astrid Annabelle
Eu é que lhe agradeço, Astrid.
ResponderEliminarAcordei com ela em mim. É autobiográfica.
Bom fim de semana
Um beijo para si, também.
Mariana