Às vezes fico assim. Parece que dou um salto dentro de mim
mesma, um salto de silêncio e em silêncio. Perco o fio à meada, perco a vida, a
lógica, o bom senso e fico a boiar dentro desta bolha onde não há nada. Ou
melhor, há, mas não tem voz, não se sabe expressar.
Parece-me um espaço entre mundos, uma espécie de transporte para
uma outra dimensão à qual nunca chego.
E depois de ficar assim por algum tempo, volto à minha aparente
normalidade, perplexa e ainda silenciosa.
Acho que esta bolha me desperta para o sem fim do que me falta
alcançar na consciência, os múltiplos véus que cobrem o caminho. Ou os
caminhos, pois podem ser vários, em simultâneo, quase em competição uns com os
outros, através desta personagem.
A bolha...
Não lhe consigo ver mais nenhum propósito, porque nunca chego a
nenhuma conclusão, a nenhum destino.
Exausta mas, estranhamente, apaziguada, retomo depois, em geral, as
funções de superfície.