CARTA AO ESPÍRITO DE UMA ATACANTE
Je t’écris…
Escrevo-te, içando-me com serenidade para fora da tristeza
causada pela tua acção, pela tua falta de discernimento sobre a vida e o poder
temporal, a qual está na origem dos teus actos irracionais e de grande
injustiça sobre os outros.
Mas hoje, escrevo-te, não para te incriminar – sei que és mera
agente de forças que não controlas – mas para te validar. Não me creias,
contudo, altruista, caritativa ou especialmente boa. É uma questão de tentar
entender as leis da vida, à luz do que já se vai sabendo. Estou na ponta da tua
injusta espada e a minha sobrevivência prende-se na compreensão do momento para
além das aparências e com a tentativa de apaziguamento da tensão que
inexplicavelmente estendeste até mim.
Não quero alimentar o conflito. Nada se perde, tudo se transforma
na dinâmica da frequência em que nos movemos e, assim, não te preocupes nem
construas falsas teses para justificar o teres voltado com a tua palavra atrás.
Já transmutei a angústia que me causaste num silêncio interior de paz em que o
episódio deixou de me afectar. E quero que saibas que, neste preciso momento em
que se tecem as maiores intrigas no mundo que habitamos, em que o ódio e a
ganância em escalada monumental matam e destroiem, neste mundo onde se morre de
fome, de doença e, sobretudo, de falta de consciência, eu escolho uma senda
diferente para o nosso tête-à-tête.
Visualiza comigo a rosa, a rosa mágica, pura, completa, envolvente,
mãe da beleza e sabedoria, a rosa branca do segredo mais belo que te habita, o
teu Eu profundo e essencial.
No centro das suas pétalas fragrantes vislumbro o teu espírito,
cheio de liberdade e sonho como o meu, sinto a feição de meiguice e
feminilidade que a tua personalidade esqueceu e…venero-te. Venero-te assim, espiritual
e autêntica, presto homenagem a essa
flama divina e desejo, minha amiga, que ela possa alcançar maior expressão através da tua personalidade, nos dias do
porvir.
Irmano-me a ti, neste nível, desfeitos os liames da suspeita e do
controle, o vício do lucro a qualquer custo.
No seio da rosa, vejo-te como nunca te vi. És bela, muito mais do
que a tua mente perturbada anseia por demonstrar no veículo físico. Olha-me
como eu te olho e deixa que a força magnética do teu sentir influxe os teus
gestos na Terra. É esse o teu verdadeiro Eu e só com ele poderás restabelecer a
unidade, sem destruir tudo à tua volta. Redimensiona os teus sonhos através
dele e opera assim os milagres que as leis do mercado capitalista dos humanos
terrestres jamais poderão conseguir.
Valido-te. Valido-te com reverência no seio da rosa.
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