AUXILIAR DE MEMÓRIA PARA AS MULHERES (E HOMENS) DESTE MUNDO
A propósito da violência crescente que reina no mundo em relação à
mulher, senti desejo hoje de escrever uma carta aberta a alguém que, na
misteriosa corrente que é a vida, foi chamada a testemunhar, através da sua
arte, a inocência hoje perdida da mulher relativamente à sua
sensualidade.
Minha querida Lena:
LENA GAL, A Terra que me embalou |
Já me parecem longínquos os dias em que as circunstâncias
permitiram a nossa colaboração no campo da arte, mas como o que é genuino
permanece, quero deixar aqui impressa na palavra, a minha homenagem ao que de
verdadeiramente importante detectei na tua arte: a sua temática. Cada pessoa
tem algo de único a deixar como legado, algo que vive no campo da sua lenda
pessoal e que, ao ser activado, constitui uma espécie de bordão mágico ao
conferir ao que o brande um poder especial. É aí que reside o teu. Há uma parte
de ti, tenra e luminosa, que capta incessantemente esse legado perdido da
mulher, a sua maravilhosa sensualidade que só pode verdadeiramente brilhar
assistida pela inocência pessoal. Encontrei isso em muitos dos teus quadros e,
por isso, trabalhei activamente na sua promoção e conservo muitos deles no meu
ambiente privado.
Achei importante dizer-te isto num momento em que a confusão é cada
vez maior no mundo e em que a mulher é crescentemente violentada e se sente,
não poucas vezes, confusa e perdida ante as forças em jogo.
LENA GAL, Rapariga na Lua |
Não deixes nunca morrer esse poder em ti. Ninguém pode fazer tudo,
nem ser todas as coisas para os outros. Na minha percepção, o teu grande
contributo, é o de recolher e representar memorias atávicas da pureza e
sensualidade femininas no contexto da vida natural.
Um auxiliar de memória fundamental nos dias que correm.
Um abraço afectuoso e que bons ventos soprem no teu caminho
Mariana
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