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terça-feira, 30 de outubro de 2012

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REFLEXÃO NO DIA QUE PASSA

Hesito por vezes em dizer certas coisas e abrir-me com sinceridade, pois esta é frequentemente interpretada como soberba ou sentido de superioridade sobre os outros.

Nada disso, o que digo é o que vejo, o que me fere a vista, os sentidos e está directamente conectado com este  impulso que sempre experimentei para nivelar por cima e buscar a excelência em todas as coisas na vida.
A humanidade terrestre está a braços com um dos maiores desafios de sempre, pelas mudanças radicais e aceleradas que se verificam a todos os níveis. A impermanência das conclusões a que se vai chegando nos diferentes domínios, o carácter passageiro e a óbvia transitoriedade de tudo, desde a casa aos afectos, da profissão aos sonhos, originam uma espécie de inquietude, por vezes indiferença, uma falta de compromisso consequente com os processos vitais para o nosso cumprimento pessoal.
Então, que fazer? Aqui estou sentada ao meu Mac donde sai um esplêndido Wagner e o incomparável Prelúdio a Tristão e Isolda, aqui me encontro rodeada de smartphones, ipad e uma pilha de trabalho infindável. O corpo pede-me descanso mas estou em Londres, a cidade amada, e os Pré-Rafaelitas esperam-me no Tate Britain. Tenho de ir, quero ir, a beleza extraordinária daquelas obras faz-me subir a energia uma oitava e é nessa plataforma que mais desfruto da vida. A minha escolha apresenta-se  a um tempo sábia e errada, pois sirvo a alma em detrimento do corpo, mas como os alívios e as dores da alma se reflectem sempre nele, arrisco. É este actualmente o paradoxo das nossas opções – não há permissão para parar e gozar de um descanso prolongado ou fixação seja no que for. À excepção da escuta interna que nos vai obrigando a fazer caminho ao andar, e nos impulsiona nas direcções mais inesperadas, tudo o resto nos vai escapando debaixo dos olhos, dos pés e de uma certa ideia de vida que não mais é. O Universo está com pressa e quem não estiver aberto aos seus desafios actuais, vai perder o comboio.
Aos desistentes, aos apáticos, aos entorpecidos pelas distracções (leia-se televisão e facebook sem critério, sexo sem amor, álcool e outras drogas, etc) espera-os a não-vida, ou seja, a morte em vida que é o pior dos destinos. Aos que se propõem seguir com verdade o fluir da vida, nada está garantido. Mas, um certo frémito da alma,  uma emoção nova e comovida ante os desafios e a tentativa de resposta do ser ao que a vida parece indicar como caminho, chegam-me por ora para me sustentar no processo.

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