Tenho andado a pensar, de forma concentrada, nos diferentes “eus” que cada ser abriga. Aquilo a que os junguianos chamam o “self”.
Assumimos diferentes “eus” perante diferentes pessoas. Todos, sem excepção, passamos em maior ou menor grau por essa experiência de falseamento e tentamos manter um laço saudável entre os diferentes eus, numa ilusão de coerência e sentido de propósito pessoal. Contudo, quando este laço eventualmente se rompe, o eu que habitualmente apresentamos ao mundo, acaba em geral por se apresentar como falso.
Não se pode ser tudo, nem em tudo ser grandioso. Há que optar pelo nosso “self” mais verídico, mais forte e mais profundo, aquele que com maior acuidade possa corresponder na manifestação ao projecto da nossa alma. Só se lá chega com muito esforço e empenho, intenção sincera de humildade e uma certeira busca de verdade.
No cerne deste fenómeno dos múltiplos eus habita uma procura inconsciente da aprovação que o ser humano busca, de forma acentuada, junto dos grupos com que mais se identifica – aqueles que ama e aqueles que teme. A identificação com o agressor (psicológico, emocional ou físico) é uma ocorrência do foro inconsciente, em geral mascarada da aparência de amor, admiração ou até mesmo, para os mais intelectualizados, da necessidade de viver uma experiência diferente. Nos místicos, assiste-se por vezes, neste caso, à colagem ao conceito de karma que justifica interna e externamente a junção ao agressor.
Para um crescimento saudável – identificação e o assumir do eu mais genuino em nós – torna-se imperativo trazer este enredo à consciência e abdicar da necessidade de aprovação sempre que a mesma se faça à custa do sacrifício desse eu central. Este crescimento prende-se com uma renúncia profunda: a da dissociação, ou seja a da integração do bem e do mal.
Para isso há que desistir das simplificações – nada se escreve só a preto e branco – e aprender a viver com a ambivalência e as ambiguidades da vida real.
As percepções redutoras da vida remetem o ser humano para um perigoso infantilismo de mimetização camaleónica dos sinais exteriores com que julga identificar-se e levam-no a modelar o seu comportamento de acordo com os mesmos. Embora este eu possa apresentar-se muito convincente nos mais hábeis, numa leitura mais profunda ele apresenta a ausência de um estável amor próprio interno ao concentrar-se de forma egóica sobre si mesmo.
Em síntese: para um almejado equilíbrio, torna-se desejável ver mais fundo, compreender que secretos mecanismos, que carências, terrores e paixões nos manipulam a partir do inconsciente, o qual exerce um poder não controlado sobre os acontecimentos que atraímos para nós.Assumimos diferentes “eus” perante diferentes pessoas. Todos, sem excepção, passamos em maior ou menor grau por essa experiência de falseamento e tentamos manter um laço saudável entre os diferentes eus, numa ilusão de coerência e sentido de propósito pessoal. Contudo, quando este laço eventualmente se rompe, o eu que habitualmente apresentamos ao mundo, acaba em geral por se apresentar como falso.
Não se pode ser tudo, nem em tudo ser grandioso. Há que optar pelo nosso “self” mais verídico, mais forte e mais profundo, aquele que com maior acuidade possa corresponder na manifestação ao projecto da nossa alma. Só se lá chega com muito esforço e empenho, intenção sincera de humildade e uma certeira busca de verdade.
No cerne deste fenómeno dos múltiplos eus habita uma procura inconsciente da aprovação que o ser humano busca, de forma acentuada, junto dos grupos com que mais se identifica – aqueles que ama e aqueles que teme. A identificação com o agressor (psicológico, emocional ou físico) é uma ocorrência do foro inconsciente, em geral mascarada da aparência de amor, admiração ou até mesmo, para os mais intelectualizados, da necessidade de viver uma experiência diferente. Nos místicos, assiste-se por vezes, neste caso, à colagem ao conceito de karma que justifica interna e externamente a junção ao agressor.
Para um crescimento saudável – identificação e o assumir do eu mais genuino em nós – torna-se imperativo trazer este enredo à consciência e abdicar da necessidade de aprovação sempre que a mesma se faça à custa do sacrifício desse eu central. Este crescimento prende-se com uma renúncia profunda: a da dissociação, ou seja a da integração do bem e do mal.
Para isso há que desistir das simplificações – nada se escreve só a preto e branco – e aprender a viver com a ambivalência e as ambiguidades da vida real.
As percepções redutoras da vida remetem o ser humano para um perigoso infantilismo de mimetização camaleónica dos sinais exteriores com que julga identificar-se e levam-no a modelar o seu comportamento de acordo com os mesmos. Embora este eu possa apresentar-se muito convincente nos mais hábeis, numa leitura mais profunda ele apresenta a ausência de um estável amor próprio interno ao concentrar-se de forma egóica sobre si mesmo.
O sinal de que esse trabalho vem a ser feito pode ler-se na nossa renúncia progressiva à grandeza e na aceitação de um eu de dimensão humana.
(Abril 2005)
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