Dizia o amigo outro dia que as personalidades deveriam ser redondas e não enquinadas, como acontece na maioria dos casos. Só por essa superfície curvilinea e facilitadora do deslizar da energia, pode a pessoa humana servir-se a si mesma e aos que a rodeiam de modo saudável e eficaz.
Ter uma personalidade redonda não significa ser “rodilha” dos outros. Muito pelo contrário: este é um sujeito com alta auto-estima, sem “macaquinhos no sótão” e que, por conseguinte, não tem quaisquer escrúpulos em deitar a mão ao trabalho que o contexto em que se insere lhe pede. Toda a tarefa é nobre se justificada pela necessidade e realizada com empenho e brio. O segredo é o auto-apreço combinado com a dose certa de humildade pessoal e aquela alegria raramente presente na acção humana, alegria resultante de se estar a contribuir para a construção de uma conjuntura mais harmoniosa e justa.
Ando tão farta de poderzinhos pessoais, exercidos com prepotência, em que qualquer ser por maior que seja a sua ignorância e limitação de raio de acção efectiva, aproveita qualquer pretexto para subjugar o outro. Essa atitude barra os horizontes da expansão pessoal e cria ao outro dificuldades totalmente evitáveis .
Não se sujeitar a, não fazer determinada tarefa por não ter a ver com o “job description” ou, por outro lado, realizar os trabalhos que nos cabem com enfado ou má-vontade ou utilizar o pequeno poder que a função que desempenha lhe confere para dificultar o caminho do outro, representa um débito na contabilidade pessoal da nossa auto-estima e da contribuição que damos à comunidade a que pertencemos. Aponta para uma falta de agilidade no carácter, cujas esquinas pontiagudas -correspondentes ao preconceito, às homofobias e xenofobias – todas elas radicadas no medo e por consequência na insegurança pessoal não nos permitem evoluir.
Eis um trabalho sobre a psique a que urge dar toda a prioridade.
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