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domingo, 1 de maio de 2016

DIA DA MÃE


O meu filho ofereceu-me 365 rosas virtuais, uma para cada dia do ano visto que lhe disse sempre, desde que abriu o olho, que dia da mãe é todos os dias.
A filha, um ramo criativo, assente numa enorme folha de couve, feito de salsa gigante, malmequeres campestres e rosinhas do seu jardim, tudo símbolo do seu trabalho diário.
Ela e ele sabem que não significam nada para mim estes “dias de”, há muito que desmascarei o aproveitamento mercantilista que a sociedade faz do insuportável rosário de dias específicos dedicados a gente da nossa afeição e a causas ditas nobres.
Mas toda a gente dá qualquer coisa à sua mãe neste dia, lembra-se dela, poemas, flores, chocolates, uma qualquer prendinha. A pressão é demasiado forte.
Não sei se apanhei, sem querer, a onda do dia da mãe. A verdade é que não fiz qualquer associação consciente, mas senti uma urgência premente hoje em visitar a sua sepultura no cemitério alentejano. Só dei pela aparente coincidência quando já ia a caminho. Tinha de viajar mais tarde, por isso fui logo de manhã em peregrinação solitária até ao monumento em sua memória. Raramente penso que sob a bela escultura estão os seus restos mortais, quando ali estou não é muito diferente de quando não estou.
A Mãe vive em mim de forma celular, como sopro de vida que teima em manifestar-se, não obstante a ausência. Cada vez me emociono mais, ante a grandeza e a integridade do laço entre as nossas almas. 


Talvez também por o mundo estar como está, a Mãe que guardo no meu coração e na inteligente memória dos meus átomos é conforto, apoio, sabedoria, seriedade, bem aventurança, coragem, segurança e esperança...

Todos os dias, todas as horas, minutos, segundos, não tempo, sempre, são teus, são meus para ti, minha amada ausente, flor esbatida na névoa de um tempo só nosso.
Abençoada sejas, Anita!

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