
E houve logo abraços e beijos, confortos, companhia (ainda que virtual), receita de aspirina para uma catrefada de coisas (como aqueles sampoos dois em um que estragam o cabelo, dizem) e tu ficaste confortada, agradecida, na mesma.
Se estivesse ao pé de ti, teria possivelmente dito as mesmas coisas e abraços e beijos com aquela afectividade que bem conheces. Mas se olhasses no fundo dos meus olhos, terias encontrado lagos imensos de solidão, uivos de um vento agreste, o desespero dos trilhos desconhecidos, a vibração incongruente do que nos fere sem ter nada a ver com este som único, pessoal que a alma emite. A pergunta persistente, o véu que se não levanta, aquele golpe de asa que o poeta cantou e que nos continua a faltar para atingir, sabe-se lá o quê...Mas sabemos que está lá, algures, impensavelmente encoberto, um princípio de resposta, trampolim para outras etapas.
No fundo dos meus olhos encontrarias, também, a doce luz da gratidão por estares aqui na Terra a par de mim, tu que podes entender o que te escrevo. E é só isto que verdadeiramente te posso dar, em jeito de aspirina para algum alívio.