Erik Thor Sandberg, Toehold (2015). |
“Todos os erros humanos são fruto da
impaciência.
Interrupção prematura de um processo
ordenado, obstáculo
artificial levantado em redor de uma
realidade artificial.”
KAFKA
É
difícil viver. Mas, em geral, ainda é mais difícil conseguir sustentar com os outros um diálogo equilibrado, baseado em troca de
ideias próprias e onde se faça sentir o respeito recíproco. Entenda-se aqui por
“diálogo” tudo o que são laços, relações, comportamentos entre pessoas. Em
resumo, interactividade.
Por
todo o lado, nos deparamos com gente a reagir
- a defender-se preventivamente ou a acusar com precipitação – e não se
passa da cepa torta.
A reactividade abrupta ao que nos acontece
nunca nos permite dar a melhor resposta às questões que a vida nos coloca.
Cega-nos, confunde-nos, alimenta conflitos e atritos. Distancia-nos de nós
mesmos, ofusca a nossa luz e impede a paz interior.
Reconheço
que na minha juventude era muito reactiva. Foi através de dores, desilusões, perdas e revezes que
fui aprendendo, com dificuldade, a dar um passo atrás quando a vida me
confronta com os seus desafios, quando o discurso do outro me irrita ou me
injustiça ou o seu comportamento constitui uma ameaça, quando não uma traição,
ao laço ou ao acordo de qualquer ordem existente entre nós.
Este
tipo de transformação pressupõe aceitar a vida e os outros tal como se
apresentam. Significa não entrar no jogo erróneo dos egos, pois o nosso
comportamento não pode depender da conduta alheia. Ante as dificuldades e as
dores, é no silêncio da minha interioridade, longe de comportamentos impulsivos
e dos esquemas habituais que sinto, de algum modo, activarem-se misteriosos
mecanismos conducentes a soluções e ao apaziguamento interior.
A
vida e os outros, mesmo os mais próximos, não são controláveis. Só me posso
tentar controlar a mim mesma, na medida do possível, através do
auto-conhecimento. Este processo tem-me levado a vida inteira e é só nos
últimos tempos que sinto ter alcançado algum sucesso.
Aprender
a avaliar as emoções, as nossas e as alheias, através da inteligência
emocional, controlar a ansiedade e não alimentar as forças da sombra com as
suas congéneres em nós, são pilares fundamentais para a nossa libertação.
Permite-nos
o dom da humildade, maior clareza de visão, acaba com a vitimização, nutre em
nós a empatia pelo outro e aquele sentir suave e estruturante, perfumado de
céus, a que chamamos paz interior.
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