A PESSOA TRANSFORMADA
MUDA O MUNDO
Crónica
de 2008
“O dever dos media é predicar e dar voz aos que a
não têm
para conseguir transpor o abismo de desigualdades
em que vivemos.”
VICENTE FERRER
VICENTE FERRER
precursor dos Programas de Desenvolvimento
Integral de Apoio
aos mais pobres
Domingo
de manhã. Afortunada e muito consciente dos meus privilégios vim dar um longo
passeio pelo belo Parque do Retiro, no coração de Madrid. Tocam ao longe,
solenes e antigos, os sinos festivos de uma igreja, crianças brincam mais à
frente com uma bola multicolor. Passam
casais e passam mulheres sós, umas novas, outras mais entradas na idade,
empurrando carrinhos de bébé.
Gente de
mais idade, equipada com ténis e roupas informais, exercitam os veículos
físicos, já a dar de si. Passam também jovens meio enigmáticos, em geral homens
altos e bem parecidos, de óculos escuros, jornal debaixo do braço. Parecem
olhar em frente, para além do que aqui se vê e nada mais lhes interessar.
Ciclistas, o chilrear dos passarinhos e este verde de tantos cambiantes,
troncos antigos que gostaria de abraçar. Um friozinho agradável, próprio de
Abril.
Atravesso
uma época de grandes mudanças, interiores e exteriores. Revejo e questiono
tudo, viro-me cada vez mais para a orientação do Espírito, sendo a mente racional
apenas um suporte.
Estive a
ler ao pequeno almoço uma entrevista no EL PAÍS com este homem extraordinário
que é o barcelonês Vicente Ferrer.
Este antigo monje combate a pobreza no mundo através de projectos educacionais,
sanitários e agrícolas que já beneficiam hoje, na Índia, mais de dois milhões
de “intocáveis”.
Defende Vicente que “não podemos ficar indiferentes perante o absolutamente excessivo número de pobres no mundo” e que “os grandes discursos humanitários não chegam aos confins da Terra não dando, por conseguinte, de comer a quem mais necessita”.
Vicente Ferrer tem razão. De barriga a dar horas, ninguém consegue pensar, muito menos actuar. Mas este homem corajoso e subversivo foi encontrando maneiras de começar por dar de comer a quem tem fome; passou depois à fase seguinte, que foi a de estabelecer sistemas educativos e permitir aos pobres o acesso possível ao dinheiro para que possam trabalhar a terra, criar animais, estabelecer pequenas indústrias. A sua tem sido, na terra de Ghandi, uma revolução silenciosa mas eficaz e, como tal, aos 85 anos tem muito que contar: perseguições de todo o tipo pelos grandes e poderosos, ameaças de prisão, a acusação de estar a criar um governo paralelo e até a ordem de expulsão da Índia em 1968. Esta última, contudo, foi parada por um movimento a seu favor, levado a cabo por 30.000 camponeses e secundado por intelectuais, políticos e leaders religiosos. Os camponeses fizeram 250Kms a pé, entre Manmad e Bombaim para pedir justiça. Indira Ghandi acabou por reconhecer o valor do trabalho do ex-monge encontrou uma solução.Vicente Ferrer não tem papas na língua. Denuncia sem rodeios a inoperacionalidade prática de instituições como o Banco Mundial e a Unicef – apesar de todos os seus recursos – os quais têm uma percepção meramente intelectual do que é a pobreza no mundo. Para esta “elite”, a pobreza não tem cara e é estudada través de números e complexas classificações. As ajudas advindas das suas conclusões são filtradas por uma complexa máquina burocrática e o resultado é o que está à vista.
Alguém com a coragem de Vicente Ferrer, que une a palavra à acção, faz obviamente medo a quem não tem a consciência limpa como são aqueles que integram a matriz de controle do planeta. Daí as perseguições...
Mas Vicente sabe que a consciência da sociedade civil actual está em vias de expansão e “se preocupa (muito mais do que antes) com o que se passa além fronteiras. No fundo, tem um verdadeiro desejo de (maior) igualdade.”
Fixemo-nos em exemplos como o deste ser humano. Não nos cabe a todos fazer o mesmo, nem da mesma forma. Mas, na época que o planeta atravessa, somos todos chamados a abrir o coração, a trabalhar nos nossos poluídos interiores, a nos tornarmos conscientes do que REALMENTE se passa no mundo e, de modo não agressivo, sem guerras nem conflitos, afirmar pela palavra e pela acção que o nosso mundo não tem de seguir a fórmula que nos “venderam” quando cá chegámos.
A voz de todos os seres, em sintonia com o coração, pode em verdade mudar o mundo!
Defende Vicente que “não podemos ficar indiferentes perante o absolutamente excessivo número de pobres no mundo” e que “os grandes discursos humanitários não chegam aos confins da Terra não dando, por conseguinte, de comer a quem mais necessita”.
Vicente Ferrer tem razão. De barriga a dar horas, ninguém consegue pensar, muito menos actuar. Mas este homem corajoso e subversivo foi encontrando maneiras de começar por dar de comer a quem tem fome; passou depois à fase seguinte, que foi a de estabelecer sistemas educativos e permitir aos pobres o acesso possível ao dinheiro para que possam trabalhar a terra, criar animais, estabelecer pequenas indústrias. A sua tem sido, na terra de Ghandi, uma revolução silenciosa mas eficaz e, como tal, aos 85 anos tem muito que contar: perseguições de todo o tipo pelos grandes e poderosos, ameaças de prisão, a acusação de estar a criar um governo paralelo e até a ordem de expulsão da Índia em 1968. Esta última, contudo, foi parada por um movimento a seu favor, levado a cabo por 30.000 camponeses e secundado por intelectuais, políticos e leaders religiosos. Os camponeses fizeram 250Kms a pé, entre Manmad e Bombaim para pedir justiça. Indira Ghandi acabou por reconhecer o valor do trabalho do ex-monge encontrou uma solução.Vicente Ferrer não tem papas na língua. Denuncia sem rodeios a inoperacionalidade prática de instituições como o Banco Mundial e a Unicef – apesar de todos os seus recursos – os quais têm uma percepção meramente intelectual do que é a pobreza no mundo. Para esta “elite”, a pobreza não tem cara e é estudada través de números e complexas classificações. As ajudas advindas das suas conclusões são filtradas por uma complexa máquina burocrática e o resultado é o que está à vista.
Alguém com a coragem de Vicente Ferrer, que une a palavra à acção, faz obviamente medo a quem não tem a consciência limpa como são aqueles que integram a matriz de controle do planeta. Daí as perseguições...
Mas Vicente sabe que a consciência da sociedade civil actual está em vias de expansão e “se preocupa (muito mais do que antes) com o que se passa além fronteiras. No fundo, tem um verdadeiro desejo de (maior) igualdade.”
Fixemo-nos em exemplos como o deste ser humano. Não nos cabe a todos fazer o mesmo, nem da mesma forma. Mas, na época que o planeta atravessa, somos todos chamados a abrir o coração, a trabalhar nos nossos poluídos interiores, a nos tornarmos conscientes do que REALMENTE se passa no mundo e, de modo não agressivo, sem guerras nem conflitos, afirmar pela palavra e pela acção que o nosso mundo não tem de seguir a fórmula que nos “venderam” quando cá chegámos.
A voz de todos os seres, em sintonia com o coração, pode em verdade mudar o mundo!
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