"The victor still writes the history of the
vanquished.
The slayer disfigures the face of the slain.
The weaker leaves the world, and what remains is the
lie."
BERTOLT BRECHT
Penso que este cansaço, por
vezes a raiar o desânimo, que me assalta quase todos os dias, advem em parte de
uma consciência cada vez mais aguda do que se passa no mundo, lá longe na
distância e aqui debaixo do meu nariz.
Prego, farto-me de pregar –
à minha maneira, já se sabe - com textos, poesia e em tentativas sucessivas de
depurar o mais possível a minha conduta e, com isso, dar força a determinados
padrões comportamentais.
Mas o adormecimento do
mundo, o sonambulismo da maioria, não pára de ganhar terreno, pois o grande
demónio do medo estende a sua quase infalível rede de caça sobre os habitantes
do Planeta Azul, causando-lhes uma espécie de paralisia mental e um estranho
arrefecimento do sentir.
Torna-se difícil analisar
numa crónica o que está subjacente a
este epifenómeno e não me vou aqui alargar nesse sentido. O que quero destacar é
que, apesar desta fatiga sem fim, há algo dentro de mim que se reergue sempre,
brande a bandeirinha da soberania pessoal e diz NÃO!
Não me conformo, não aceito
que a minha mente seja tomada de assalto por uma percepção da vida que não saiu
de mim, da minha mente criadora e do meu coração de ouro, não acho natural
caminhar por entre mortos-vivos e cadáveres
adiados, cada um correspondendo a uma
programação insidosa que os torna débeis e dependentes, extremamente vulneráveis
ao sistema em vigor e lhes rouba a centelha única da vida livre e em
celebração.
O que se passa, irmãos?
Como é que na era registada de maior acesso à informação e ao conhecimento,
optamos ainda pelo adormecimento causado pelo futebol e pelas telenovelas, como
é que a chama da indignação ou da solidariedade originadas pelo sofrimento
alheio não dura mais que escassos instantes e, inconsequente, dá lugar a outra
excitação qualquer, igualmente passageira?
Como é possível assitir aos
maiores escândalos, a uma indescritível sem vergonhice de governos,
instituições financeiras, organizações religiosas e outras que dominam as
engrenagens culturais e da educação – que nos aprisiona os filhos desde tenra
idade – e não abrir a boca?
Como é que nos quedamos
passivos e complacentes ante as versões oficiais do muito que se passa entre o
Céu e a Terra e nos resignamos, quando o Comboio para a Verdade tem estação
personalizada à porta de cada um? O dispendioso bilhete compra-se com a determinação pessoal, a vontade própria, o despertar de um longo sono enganador e a consciência da invencibilidade do Espírito.
Não paramos para observar
que os delirios da fama, do protagonismo e do poder são instrumentos
anestesiantes, repetidamente propagados pelos media e que não passam de cenouras manipulatórias ante os coelhos
esvaziados em que a humanidade se está a tornar.
São as classes dominantes,
percentagem ínfima dos habitantes da Terra, quem escreve a nossa historiografia
e determina o que nos cabe ou deixa de caber na passagem, cada vez mais
armadilhada, por estas paragens. E nós não damos por nada. Não questionamos o
contexto das nossas vidas, nem a nossa incapacidade para abrir o portal da
criatividade, através do qual podem operar a mente crítica e a força indomável
do coração.
Sou eu a contadora oficial
da minha história.
Nossa mente é como um grande tribunal,e quando no papel de juiz observamos nossa história, mudamos várias vezes para outros personagens e olhamo-nos ora sob o papel de acusador, ora de advogado de defesa. Mas tudo isto passa atravez dos filtros da nossa educação.A atitude conta mais que o acto. Tendemos a absolver-nos.Mau é quando adoptamos o papel de carrasco...Mas a mente mente-nos !O nosso ser é puro, luminoso e um eterno viajante.
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