Só existe um bem: o conhecimento.
Só há um mal: a ignorância.
SÓCRATES
Habituámo-nos, historicamente, a que as grandes mudanças
viessem de cima para baixo ou, se quiserem, de fora para dentro. Este fenómeno
esteve sempre ligado a conceitos como a autoridade do estado, dos ganhadores
dos grandes conflitos, das maiorias ditas democráticas ou então dos ditadores,
dos exploradores, dos usurários e dos grandes manipuladores a todos os níveis e
em todas as áreas da actuação humana. Espera-se sempre ou que a revolução
chegue, que a iniciativa venha de alguém com poder para a fazer valer ou que,
por qualquer impulso oriundo não se sabe donde, as coisas mudem como por magia
ou milagre.
Esta crença, fortemente enraizada nos povos, está
claramente ligada à consciência de si mesmo. Na história registada e com o
suporte que os avanços científicos nos
proporcionam na descoberta do potencial humano versus regulação da existência,
só hoje e de forma ainda titubeante, começa o ser humano a dar-se conta do
potencial de poder que em si transporta. Os tempos vão, porém, difíceis, confusos, as dificuldades são de
toda a ordem e as tensões criadas pela luta pela sobrevivência e pelo formato
incerto que os relacionamentos afectivos vêm adquirindo, distraem o ser humano
daquilo que maior poder lhe pode conferir: alcançar consciência das forças
exteriores a si mesmo as quais, fortemente integradas em si por uma inquestionada
formatação, lhe comandam a vida e o destino, mantendo-o prisioneiro de crenças
e dogmas que perpetua com a sua ignorância.
Montserrat Gudiol |
Na era da rapidez, do imediatismo e da aceleração,
convém continuar a lembrar que não há atalhos para a construção e para o
evoluir estruturado e consistente. Ninguém pode ser aquilo que ainda não
alcançou dentro de si mesmo, o mundo anda povoado de simulacros e de zombies. É
fundamental que saltemos para “fora do sofá do nosso contentamento” (comprado a
prestações) e façamos todos os dias um esforço de atenção ao que se passa no
mundo, por meio de fontes mais seguras do que os noticiários televisivos. A
educação e a cultura são instrumentos de base para o discernimento ante as
ondas de contra-informação que nos entram pela vida dentro. Os ideais de
solidariedade e de respeito por todas as manifestações de vida essenciais para
o equilíbrio. Por outro lado, pobres dos que pensam que tudo sabem e que tudo
correctamente percepcionam, só porque se sentem intuitivos ou melhores do que
os outros. A chamada “New Age” é altamente responsável por todo este equívoco.
Costumo dizer que há tantos mundos quantas as percepções individuais e a falta de preparação interna para lidar com o aparente facilitismo que o grande instrumento que é a internet veio aportar à existência confundiu ainda mais as pessoas. Deixaram de estudar, de buscar, de se interrogar, pois está tudo na internet, à distância de um clique. Urgente denunciar esta ilusão e instigar nos nossos filhos a humildade e a ambição espiritual e intelectual que está na base do verdadeiro progresso, no qual a internet tem, sem dúvida, um papel instrumental a desempenhar.
Na posse de uma consciência mais alargada e profunda, instruído pela educação e por uma saudável dinâmica interior, o ser humano encontra mais facilmente a força motivacional para aplicar na sua própria vida mais daquilo em que acredita, sem se preocupar em demasia com normas ou com aquilo que a maioria faz ou pensa.
Creio
firmemente que será o estímulo energético criado colectivamente por esta
coerência que há-de mudar o mundo, ao abrir de uma vez por todas o portal
tantas vezes anunciado pelos arautos da Nova Era.
Costumo dizer que há tantos mundos quantas as percepções individuais e a falta de preparação interna para lidar com o aparente facilitismo que o grande instrumento que é a internet veio aportar à existência confundiu ainda mais as pessoas. Deixaram de estudar, de buscar, de se interrogar, pois está tudo na internet, à distância de um clique. Urgente denunciar esta ilusão e instigar nos nossos filhos a humildade e a ambição espiritual e intelectual que está na base do verdadeiro progresso, no qual a internet tem, sem dúvida, um papel instrumental a desempenhar.
Na posse de uma consciência mais alargada e profunda, instruído pela educação e por uma saudável dinâmica interior, o ser humano encontra mais facilmente a força motivacional para aplicar na sua própria vida mais daquilo em que acredita, sem se preocupar em demasia com normas ou com aquilo que a maioria faz ou pensa.
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