SER
UTILITÁRIO
Nosce
te ipsum
Por
estes dias o espírito parece afastar-se mais e mais das personas e o binómio ser útil=ser “amado” ganha cada vez mais
força. Não é que as pessoas sejam apenas más e egoístas e se estejam nas tintas
para tudo o que as incomode e que não acarrete algum ganho material (imediato,
de preferência).
O
sistema sob o qual vivemos e respiramos na Terra incentiva cada vez mais as pessoas a olharem para o seu
umbigo e se preocuparem unicamente com a sobrevivência e os interesses de ordem
material. O materialismo infiltrou-se habilmente em todos os aspectos da vida e
hoje só reina quem tiver valor material. Ou seja, quem possa trocar por notas a
atenção e os cuidados de que precisa em qualquer idade, especialmente na
velhice.
A
propósito, aconselharia a todos que examinassem a sua vida, relacionamentos e
comportamento com o seu núcleo mais próximo, incluindo também os parentes mais pobres, os idosos e os doentes
de anos e em consciência tentassem estabelecer o que os tem movido em todas as
circunstâncias.
Embora os doentes e os idosos sejam casos extremos, acho igualmente importante estabelecer o que está por detrás das “trocas de amor”, quais as forças em jogo em cada laço.
O que é que eu amo na outra pessoa? A juventude, a beleza física, as oportunidades proporcionadas, o seu poder material, a autoridade que me falta a mim, o talento ou a sabedoria que não possuo, a fraqueza que posso dominar, processo para o qual transfiro o meu vazio interior? A sua submissão aos meus caprichos e/ou necessidades? O facto de representar uma companhia, no meu processo solitário?
Hábito, laço familiar? A lista de possibilidades é infinita...
Não se ama o que se não conhece e, se não nos conhecemos realmente a nós próprios, como podemos ver o outro na sua verdade anímica?
Embora os doentes e os idosos sejam casos extremos, acho igualmente importante estabelecer o que está por detrás das “trocas de amor”, quais as forças em jogo em cada laço.
O que é que eu amo na outra pessoa? A juventude, a beleza física, as oportunidades proporcionadas, o seu poder material, a autoridade que me falta a mim, o talento ou a sabedoria que não possuo, a fraqueza que posso dominar, processo para o qual transfiro o meu vazio interior? A sua submissão aos meus caprichos e/ou necessidades? O facto de representar uma companhia, no meu processo solitário?
Hábito, laço familiar? A lista de possibilidades é infinita...
Não se ama o que se não conhece e, se não nos conhecemos realmente a nós próprios, como podemos ver o outro na sua verdade anímica?
Usamos as palavras amor e amizade de forma muito leviana. Todos sabemos que casa onde haja fartura e vida alegre e ligeira, está sempre cheia de amigos. Se a adversidade e a doença a tocam, os amigos desaparecem como por encanto e o silêncio das paredes é a única companhia de quem fica. Se alguém ficar...
Seria
talvez a hora de começar a reflectir sobre o que está por detrás de nós mesmos,
enquanto personalidades complexas no jogo da vida. Essa vida, cuja verdadeira
essência e propósito continuamos a ignorar.
MARIANA
INVERNO, in “Notas a Sombra dos Tempos”
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