Nasci abençoada por uma saúde de ferro e
uma quase inesgotável capacidade de
trabalho a vários níveis simultaneamente, sem me perder. Quando criança, os
meus irmãos contraíam as maleitas comuns nessas idades mas eu ficava sempre imune
e de fora. Após mais de seis décadas de vida, continuo a trabalhar arduamente
todos os dias. Desconheço o que sejam horários rígidos de trabalho e tenho uma
disponibilidade interior para empenhar continuamente o meu esforço na
concretização do que se me apresenta para fazer – sempre muito.
Sinto-me cansada, é certo, mas encontro em cada dia força renovada para prosseguir.
Sinto-me cansada, é certo, mas encontro em cada dia força renovada para prosseguir.
Há muitas e diferentes teorias que explicam a
boa ou a má saúde de cada um. Prefiro não subscrever nenhuma, e fixar-me apenas
naquilo que depende directamente da minha actuação aqui e agora.
O ano passado, em Janeiro, tive uma forte gripe
que me afectou muito a garganta e, facto inédito, fiquei mais de duas semanas
sem voz. Avessa a consultar médicos, vi-me obrigada nessa ocasião a fazê-lo a
nivel da especialidade e, lentamente, lá fui recuperando a voz e consegui curar as
cordas vocais que tinham chegado a apresentar uma situação pré-poliposa. Este ano, após um inverno sem incidentes (não
me constipei), sentia-me mais segura e no controle da situação.
Pois, há dois dias, caí de novo. Com os
sintomas de gripe, que ataquei de
imediato, a voz “adoeceu” outra vez. Não se foi, mas está muito alterada e devo
evitar falar.
Está nitidamente instalada em mim uma
vulnerabilidade a este nível e tenho de trabalhar interiormente no tema, pois
não creio que sejam os antibióticos ou os anti-inflamatórios que me venham a
resolver o problema.
Creio saber a origem deste ponto fraco: a minha
voz literária esperou demasiado tempo para se expressar e ainda não encontrou,
na logística da minha vida, modo de o fazer como o meu impulso de alma me pede.
É verdade que cada um se torna naquilo que consegue ser, no contexto da sua vida e circunstãncias, batidos que somos pelos ventos da nossa origem social, da trama que se vai tecendo com o desenrolar da existência, dos factores externos ao nosso controle e dessa voz sempre presente, tantas vezes abafada, oriunda de um ponto impalpável mas latente em nós a que chamamos alma. Creio, no entanto, que a opressão anímica é a responsevel máxima pela patologia que tende a roubar-me a voz.
É verdade que cada um se torna naquilo que consegue ser, no contexto da sua vida e circunstãncias, batidos que somos pelos ventos da nossa origem social, da trama que se vai tecendo com o desenrolar da existência, dos factores externos ao nosso controle e dessa voz sempre presente, tantas vezes abafada, oriunda de um ponto impalpável mas latente em nós a que chamamos alma. Creio, no entanto, que a opressão anímica é a responsevel máxima pela patologia que tende a roubar-me a voz.
Tenho muito a reformular, sem dúvida, e vou fazê-lo.
Conto com a ajuda do Universo, através dos seus
múltiplos agentes, para encontrar o caminho e consolidar essa mudança. Não
tenho dúvida de que a “voz” precisa de sair, de se espraiar e reinventar no seu
fluir, mas tenho de ser eu, de forma nuclear, a assegurar a emanação da minha
alma.
Sem comentários:
Enviar um comentário