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terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

OS MUROS DA VERGONHA

We shall go on to the end. We shall fight in France, we shall fight on the seas and oceans, we shall fight with growing confidence and growing strength in the air, we shall defend our island, whatever the cost may be. We shall fight on the beaches, we shall fight on the landing grounds, we shall fight in the fields and in the streets, we shall fight in the hills; we shall never surrender.
WINSTON CHURCHILL

Quando nos primeiros anos da década de 90 visitei o que restava do derrubado Muro de Berlim, senti a exaltação que muitos  bem-intencionados ingénuos experimentam frequentemente ante a queda de impedimentos absurdos e vergonhosos à livre prática da existência humana no planeta Terra e à legítima inter-conectividade entre todos. Tombara finalmente o Muro da Vergonha, vinte e oito anos e montanhas de sofrimento depois da sua perversa construção. Já em 1987, Reagan havia com arrojo desafiado Gorbachov a deitar abaixo essa parede discriminatória entre duas metades de um mesmo povo. Há um sinal de que os soviéticos podem fazer que seria inconfundível,ca que faria avançar dramaticamente a causa da liberdade e da paz. Secretário Geral Gorbachev, se você procura a paz, se você procura prosperidade para a União Soviética e a Europa Oriental, se você procurar a liberalização, venha aqui para este portão. Sr. Gorbachev, abra o portão. Sr. Gorbachev, derrube esse muro. Dois anos depois, caía a aviltante muralha.

Os dias que atravessamos, com alguém insano e imaturo na Casa Branca a vomitar a toda a hora decretos e ordens que contrariam em absoluto o espirito de liberdade e da necessária união entre os povos da Terra e partilha dos problemas inerentes, está a desencadear guerras abertas por todos os lados., Estou segura que outros alimentarão como eu, no meio do desespero, a esperança de que a absurda presença e miserável comportamento de Trump na Casa Branca, possa catalizar a consciência colectiva para o repúdio da fascista ordem de valores que a nova administração procura implementar. Esta reflexão conduziu-me de volta ao pensamento desenvolvido pelo filósofo alemão Hegel entre os finais do séc.XVIII e as primeiras décadas do século XX, com base numa tese originalmente criada por Fichte, seu contemporâneo. Segundo Hegel, os pilares fundamentais do progresso  acabam por resultar do encontro entre a tese e a antítese. Desse encontro e do que for possível conciliar de ambos os campos, surge a síntese, base de todo o progresso.

Dada  a impermanência de tudo quanto vivemos, quero albergar as minhas aflições relativamente a este assunto, na brilhante reflexão dos filosofos alemães e nutrir a esperança de que a síntese a sair do crescente confronto possa preservar os valores fundamentais da liberdade de expressão, criatividade construtiva, direitos das mulheres e das minorias, solidariedade para com a carências de milhões na Terra, respeito pela Mãe-Natureza e renascimento das grandes causas radicadas na nobreza do Espírito.

Há muros da vergonha de muitos tipos, mas nem sempre estamos deles conscientes. Todos, em geral, derivam da ascenção ao lugar de deus supremo da força bruta e da adoração ao dinheiro sobre todas as coisas.

Povos da Terra que ainda  conseguem fazer ouvir a vossa voz, não permitamos, unidos, por todos os meios ao nosso alcance, que mais muros da vergonha se voltem a erguer. Temos já suficientes desafios nos erguidos até hoje.

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